martes, 25 de junio de 2019

Atividades do segundo semestre de 2019 na UNICAMP

Atividades do segundo semestre de 2019 na UNICAMP
HF955 - Seminário de Orientação em Filosofia da Psicologia e da Psicanálise I
segunda-feira 14 horas
Professor: Daniel Omar Perez
A disciplina será ministrada no IFCH (algumas das aulas serão realizadas dentro da biblioteca em função do uso do material bibliográfico)
Programa: O seminário visa abordar os conceitos de Identidade e Identificação em Freud e Lacan em relação com a noção de Fantasia e Fantasma. Abordaremos os textos de Freud Psicologia das massas e análise do eu, Uma criança é espancada e Moises e a religião monoteísta, os textos de Lacan O seminário 9 e O seminário 14. Buscaremos reconstruir a teoria de Freud e de Lacan de uma constituição do sujeito a partir dos processos de identificação que se articulam em relação com a Fantasia no primeiro autor e com o Fantasma no segundo. Os estudantes apresentarão os resultados das suas pesquisas.
HF944 - Seminário de Orientação em História da Filosofia Moderna
segunda-feira 16 horas
Professor: Daniel Omar Perez
A disciplina será ministrada no IFCH (algumas das aulas serão realizadas dentro da biblioteca em função do uso do material bibliográfico)
Programa: O seminário visa trabalhar as noções de identidade, Eu e Sujeito na crítica da razão pura de I. Kant. Abordaremos diferentes interpretações, a saber, Martin Heidegger, Wolfram Horgrebe, Slavoj Zizek, Patricia Kitcher, Robert Hanna e Zeljko Loparic.
Disciplina de graduação
Terça-feira 19.00 horas FUNDAMENTOS DA pisicanálise
Título: Moises e seu povo, o egípcio e o judeu: entre o estranho e o familiar, o diverso e o incomum.
Resumo: O Moises de Freud é um estudo psicanalítico de uma história bíblica que busca refletir sobre a origem do monoteísmo, da unidade de um povo e da emergência de um líder. A história de Moises em geral e a leitura freudiana em particular têm sido objeto de desdobramentos e críticas em vários aspectos. A disciplina visa apresentar uma análise do texto que coloque de manifesto dois aspectos: um metodológico e outro categorial. Pretendemos abordar o procedimento metodológico da psicanálise com relação a eventos históricos, políticos e culturais, isto é, problematizar a possibilidade de usar a psicanálise para pensar não só um caso clínico, senão também o próprio dispositivo conceitual que nos possibilita acolher um fenômeno como é o caso da unidade de um povo, de uma coletividade, de uma comunidade. Assim sendo, buscaremos mostrar que, para dar conta da unidade do povo judeu, Freud deve exibir duas operações: 1. A unidade como uma produção feita a partir da diversidade; 2. O estranho como condição do familiar e do comum. Finalmente, com esse dispositivo conceitual, abordaremos apenas como exemplos as problematizações sobre a comunidade realizadas por Kant, Blanchot, Barthes, Agamben, Nancy e Espósito.
Programa:
Introdução: questões epistemológicas e metodológicas.
1. Conhecimento e etnia: a psicanálise é uma ciência judia?
2. Conhecimento e demarcação epistemológica: a psicanálise é uma ciência?
3. Conhecimento e prática clínica: a psicanálise é uma?
4. Conhecimento e metapsicologia: a psicanálise
Primeira parte: Moises
1. Os textos socioculturais de Freud: Totem, Mal-estar, O futuro, As massas, Moises.
2. A estrutura e os elementos de Moises de Freud e da leitura da Bíblia.
3. O que os pesquisadores afirmam do Moises de Freud?
4. Exame da questão do líder em Freud
5. Exame da questão do Deus em Freud
6. Exame da questão do Povo em Freud
Segunda parte: A comunidade
1. Pensar a vida em comum antes de Freud: Kant (A religião nos limites da simples razão) entre o dogmatismo estatutário e a fé racional.
2. Pensar a vida em comum depois de Freud: Blanchot (La comunidad inconfesable), Barthes (Como vivir juntos), Nancy (A comunidade inoperada), Agamben (A comunidade que vem) e Espósito (Comunitas. Origen y destino de la comunidade ) a partir do incomum.
Metodologia: aulas expositivas.
Forma de avaliação: trabalho final sobre um ponto específico do programa.
Horário da disciplina: terça-feira de 19 a 23
Horário de atendimento: terça-feira de 9 a 12 na sala B45 com horário marcado.
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Calendário:
Agosto
6 Apresentação do programa e introdução
13 Vladimir Pinheiro Safatle e Érico Andrade (visitantes) apresentação dos seus livros "Dar corpo ao impossível" e "Sobre Losers" .
20 Edmilson Paschoal (visitante) sobre Nietzsche, o niilismo, a sociedade gregária e o Über-Mensch
27 Alessandra Martins Parente (visitante) sobre Moises de Freud
Setembro
3 Conhecimento e etnia: a psicanálise é uma ciência judia? Conhecimento e demarcação epistemológica: a psicanálise é uma ciência?
10 Conhecimento e prática clínica: a psicanálise é uma? Conhecimento e metapsicologia: a psicanálise.
17 Os textos socioculturais de Freud: Totem, Mal-estar, O futuro, As massas, Moises.
24 A estrutura e os elementos de Moises de Freud e da leitura da Bíblia. O que os pesquisadores afirmam do Moises de Freud?
Outubro
1 Exame da questão do líder em Freud
8 Atividades na Europa (não haverá aulas)
15 Atividades na Europa (não haverá aulas)
22 Exame da questão do Deus em Freud
29 Exame da questão do povo em Freud
Novembro
5 Pensar a vida em comum antes de Freud: Kant (A religião nos limites da simples razão) entre o dogmatismo estatutário e a fé racional.
12 Pensar a vida em comum depois de Freud: Blanchot (La comunidad inconfesable), Barthes (Como vivir juntos), Nancy (A comunidade inoperada), Agamben (A comunidade que vem) e Espósito (Comunitas. Origen y destino de la comunidade ) a partir do incomum. Parte I
19 Pensar a vida em comum depois de Freud: Blanchot (La comunidad inconfesable), Barthes (Como vivir juntos), Nancy (A comunidade inoperada), Agamben (A comunidade que vem) e Espósito (Comunitas. Origen y destino de la comunidade ) a partir do incomum. Parte II
26 Entrega de trabalhos
Atividades de extensão:
1. Filosofia com diagnóstico de autismo com Rodrigo Castilho
2. Corujão. Filosofia com a comunidade com Lola Sayuri
3. Psicanálise e espaço público com Lauro Baldini
Orientações de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado
Atividades do CEMODECOM (CENTRO FAUSTO CASTILHO DE ESTUDOS DE FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA)
Atividades da Revista de Estudos Kantianos Kant e-prints

domingo, 23 de junio de 2019

O senhor instruiu SIM, Dr. Moro


O ex juiz Sérgio Moro afirmou que não via problemas nas falas que foram publicadas pelo The Intercept porque, segundo ele “Ali basta ler o que se tem lá” para perceber que não havia dado instruções aos promotores. Mas não é bem assim, vejamos.
Quando pensamos em fala, temos que nos ater não só as palavras pronunciadas –“o que se tem lá”-, como também as intenções com as quais foram proferidas e, principalmente, aos efeitos que produziram nos destinatários, efeitos quase sempre procurados pelo falante. (Austin, Teoria dos Atos de Fala).

Assim, quando o ex juiz Moro, desde seu lugar hierárquico preponderante na operação Lava Jato, pergunta aos promotores, “subalternos de fato” na mecânica própria da operação, se “não tem muito tempo sem operação?” – está dizendo, na verdade, “ponha a operação para funcionar, porque não pode deixar passar tanto tempo”. É o que se chama pedido indireto, por exemplo quando como você diz  numa loja “gostaria de ver uma aquela camisa branca” e a atendente interpreta “me mostra a camisa branca”. Foi o que aconteceu com o promotor Dallagnol que interpretou as palavras de Moro como um pedido prontamente cumprido, como aponta o site BuzzFeed (https://www.buzzfeed.com/br/gracilianorocha/moro-deltan-telegram).
Moro não precisa saber linguística para entender os mecanismos da fala e da sua interpretação, o direito já lhe fornece ferramentas para tal. De fato, quando se interpretam as leis também se atende a critérios semelhantes aos da teoria dos atos de fala. Primeiramente, interpretando literalmente o texto legal, palavra por palavra; depois tem que se interpretar “o espírito da lei”, o que ela de fato quer dizer. Assim, a placa da praça que proíbe a entrada de cachorros, não significa que alguém possa entrar com um urso, por exemplo. Esse exemplo clássico do direito derruba a desculpa do ex juiz de que ele não deu as instruções. Deu sim, porque de suas palavras foram inferidas e cumpridas as ordens pelos promotores.
Em outro trecho, indicou dar “instruções” a uma promotora que não ia muito bem nas audiências e que os promotores dessem alguns conselhos ou até treinamento. Tal indicação foi INTERPRETADA e CUMPRIDA como um pedido de substituição, como de fato aconteceu.

Mais uma vez, vemos que o ato de fala se realizou pelo que foi dito pelo juiz, pelo que foi interpretado pelos promotores e pelos efeitos produzidos. Não adianta, Dr. Moro, insistir só na literalidade das palavras.
                                                                                                          Yedda e Ramiro Blanco