Depois da crise de 2008, o governo de
Cristina Kirchner teve dificuldades, como a maioria das economias do
mundo, que conseguiu driblar, em termos gerais, fortalecendo o mercado
interno. Isso significou, por um lado, aumento da atividade industrial
que foi recuperando os seus níveis históricos prévios à crise de 2001,
com a conseguinte necessidade de importar bens de produção e, por outro,
uma diminuição das exportações (fruto do consumo interno dos bens
industrializados) e um aumento dos produtos importados que as famílias
argentinas passaram a demandar com a valorização do salário real. Isso
significou uma necessidade extra de dólares para que os importadores
pudessem quitar as dívidas no exterior.

A classe média também começou a viajar
mais ao exterior e voltou ao seu esporte favorito: poupar estocando
moeda americana “debaixo do colchão”. Foi assim que se ativou o controle
de câmbio em 2011 para fazer frente a uma fuga de divisas provocada
pelo que na Argentina se conhece como “golpe de mercado”. Essas
restrições incomodaram a classe media que logo, sob o lema de falta de
liberdade, ganhou as ruas de Buenos Aires no “panelazos”, muito
diferentes àqueles da crise de 2001.

Durante 4 anos,
sistematicamente, dia sim e outro também, o partido de Mauricio Macri, à época
prefeito da cidade de Buenos Aires, junto aos meios hegemônicos de comunicação,
bateram na tecla da restrição à compra de moeda americana, que chamaram de “cepo”
(aparelho que remete a um instrumento de imobilização dos escravos). Fizeram o
principal slogan de campanha e, já na presidência em dezembro de 2015,
permitiram a todos os cidadãos comprar até 5 milhões de dólares por mês, por
pessoa. A liberdade havia triunfado!
Jornais americanos e
europeus festejavam a grande solução dos problemas da economia argentina! Agora
sim chegaria a “chuva de investimentos” estrangeiros proclamada por Macri na
campanha eleitoral e no primeiro ano como presidente.
Cada vez que os jornalistas
oficialistas, pagos com o generoso dinheiro da “pauta oficial”, tinham que dar algum dado negativo da economia,
logo “davam um desconto”: Ah, mas agora não temos “cepo”!
Pois bem, o “cepo” voltou,
da mão do próprio Mauricio Macri, quem mais criticou e faturou politicamente
com tal critica.
As medidas tomadas por
decreto de necessidade e urgência, num domingo, são o fim do relato macrista, e
a realidade econômica que se impõe. É o reconhecimento explícito que erraram em
todas as medidas econômicas que adotaram.
E não é o efeito das eleições primárias
PASO, como pretendem impor desde a Casa Rosada. Como disse James
Carville: “[It’s] the economy, stupid”.
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