domingo, 1 de septiembre de 2019

Mauricio Macri e o fim do relato neoliberal

Por: Ramiro Caggiano Blanco
Depois da crise de 2008, o governo de Cristina Kirchner teve dificuldades, como a maioria das economias do mundo, que conseguiu driblar, em termos gerais, fortalecendo o mercado interno. Isso significou, por um lado, aumento da atividade industrial que foi recuperando os seus níveis históricos prévios à crise de 2001, com a conseguinte necessidade de importar bens de produção e, por outro, uma diminuição das exportações (fruto do consumo interno dos bens industrializados) e um aumento dos produtos importados que as famílias argentinas passaram a demandar com a valorização do salário real. Isso significou uma necessidade extra de dólares para que os importadores pudessem quitar as dívidas no exterior.

A classe média também começou a viajar mais ao exterior e voltou ao seu esporte favorito: poupar estocando moeda americana “debaixo do colchão”. Foi assim que se ativou o controle de câmbio em 2011 para fazer frente a uma fuga de divisas provocada pelo que na Argentina se conhece como “golpe de mercado”. Essas restrições incomodaram a classe media que logo, sob o lema de falta de liberdade, ganhou as ruas de Buenos Aires no “panelazos”, muito diferentes àqueles da crise de 2001.

Jovem reclamando contra as restrições cambiárias no “cacerolazo” de 13 de setembro de 2012 .
Durante 4 anos, sistematicamente, dia sim e outro também, o partido de Mauricio Macri, à época prefeito da cidade de Buenos Aires, junto aos meios hegemônicos de comunicação, bateram na tecla da restrição à compra de moeda americana, que chamaram de “cepo” (aparelho que remete a um instrumento de imobilização dos escravos). Fizeram o principal slogan de campanha e, já na presidência em dezembro de 2015, permitiram a todos os cidadãos comprar até 5 milhões de dólares por mês, por pessoa. A liberdade havia triunfado!
Jornais americanos e europeus festejavam a grande solução dos problemas da economia argentina! Agora sim chegaria a “chuva de investimentos” estrangeiros proclamada por Macri na campanha eleitoral e no primeiro ano como presidente.
Cada vez que os jornalistas oficialistas, pagos com o generoso dinheiro da “pauta oficial”,  tinham que dar algum dado negativo da economia, logo “davam um desconto”: Ah, mas agora não temos “cepo”!
Pois bem, o “cepo” voltou, da mão do próprio Mauricio Macri, quem mais criticou e faturou politicamente com tal critica.
As medidas tomadas por decreto de necessidade e urgência, num domingo, são o fim do relato macrista, e a realidade econômica que se impõe. É o reconhecimento explícito que erraram em todas as medidas econômicas que adotaram.

E não é o efeito das eleições primárias PASO, como pretendem impor desde a Casa Rosada. Como disse James Carville: “[It’s] the economy, stupid”.

No hay comentarios.:

Publicar un comentario