
É verdade o que falam alguns. Zizek muitas vezes é confuso.
Eu mesmo percebi isso o dia que Markus Gabriel me apresentou ele em Bonn, em
2012. Só consegui trocar algumas palavras que não chegariam a ser nomeadas como
diálogo. Quando ele soube que eu era argentino, mas morava no Brasil, me
perguntou se era porque tinha fugido da ditadura. A localização estava mais do
que certa. Mas eu expliquei que era mais por causa do Menem. “Peronista”-disse
ele. Bom, esse era o princípio da sua confusão. Nem mesmo Laclau conseguiu
explicar para ele do que se trata o peronismo, não seria eu que tentaria semelhante
campanha. Ele é confuso mesmo.

Porém, quando é claro, ele é muito claro. Em algum lugar o
filósofo explica que quando o sistema neoliberal vai te tirar a saúde pública
universal te fala que na verdade está te dando a possibilidade de escolher quem
você quer que te ofereça assistência, quando te tira a educação pública
universal e gratuita na verdade te estaria dando a possibilidade de você
escolher qual prestadora de serviços educativos você quer escolher e quando
aplica projetos econômicos que eliminam postos de trabalho te está dando a
possibilidade de ser um empreendedor. Não são nem confusão nem fantasia do
filósofo esloveno, trata-se da fala do regime de Mauricio Macri na Argentina.
Eles chamam ao desempregado como futuro empreendedor.
O neoliberalismo resignifica os termos e dá nome àquilo que
te acontece. O discurso que se articula com isso e se repete até a sua
naturalização nos reprodutores de discursos da grande mídia faz parte da estratégia de permanência no poder. Ainda quando se trate de pequenas frases ou falas auto-contraditórias o que está em questão em provocar um sentimento ou afeto no indivíduo da massa que assiste e recebe a mensagem. Duran Barba e sua equipe treina e trabalha com vários operadores desses discursos. Os outros vão aderindo.
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